domingo, 28 de janeiro de 2018

Intrusa

Intrusa
 
A brisa sicilando na folhagem,
do sonho despertou-me, lentamente.
O azul do firmamento, a fria aragem,
a tua imagem posta em minha mente.
 
No colorido excelso da paisagem,
eu colho teu sorriso, docemente.
Na cor desta ilusão, doce miragem,
te vejo na distância, ternamente.
 
Às vezes sinto a face igual enchente,
e escuto dentro em mim meu próprio brade,
vertendo uma emoção que não se explica.
 
Assim, que quando as águas da torrente,
escorem em filetes de saudade,
o amor o peito enflora, multiplica.
 
Edith Lobato - 09/09/16

segunda-feira, 22 de janeiro de 2018

Relembrar

Relembrar
 
De novo sentada perscruto no horizonte,
no peito estufado de imensa saudade,
velando tua ausência que a bem da verdade,
constante pressente teus passos na ponte.
Eu vivo a pensar e me perco defronte,
daquelas lembranças da gente ao luar,
dos nossos sorrisos na força do olhar.
Amar desse jeito por tempo sem conta,
é não saciar o desejo que afronta,
o amor naufragado nas ondas do mar.
 
Edith Lobato - 30/10/17


domingo, 21 de janeiro de 2018

Dor de mãe



 
 Dor de uma mãe
 
Sobre o silêncio do vazio sobre a mesa,
diante de olhares em completa indação,
faltam palavras pra dizer que falta o pão.
 
E ela chora no silêncio das entranhas,
tempera água com açúcar e o coração,
em descompasso não controla a emoção.
 
Estapeando a miséria do abandono.
 
Ela esconde a face e protege a alma.
 
Edith Lobato - 20/07/17

sexta-feira, 19 de janeiro de 2018

Filho

Filho
 
Hoje teu nome veio como um estribilho,
e eu senti minh'alma por demais ferida.
Nasceu um rio nos olhos que, já vão sem brilho,
então chorei lembrando, da tua partida.
 
Tu foste meu segundo e tão amado filho,
mas me deixaste cedo a perecer na vida,
essa saudade  ingente que tão só palmilho,
teu ser pequeno eu sinto, tua voz querida.
 
Lá fora está chovendo e, dentro em mim também,
há temporais, trovões cortando meu deserto,
nesse vazio deixado pela tua ausência.
 
Podem sorrir de mim quem acha isso banal,
Mas uma coisa eu digo e isso, eu sei, é certo,
Esse vazio tem fim quando eu virar saudade.
 
Edith Lobato - 18/01/18

domingo, 14 de janeiro de 2018

Gomos de sonhos




Gomos de sonhos

Sob a luz que fecunda a nossa caminhada,
vozes e sorrisos em horas céleres se aninham
no passado feito orvalho na alvorada.

E nós? Somos resquícios de DNA que definham
nas ideológicas fábricas de nossos, ilusórios, sonhos,
vilipendiados pela ausência do amor fraterno.

O mundo se curva ao plano da inversão
e há gente que vive a flutuar na futilidade
e na orgia de suas torpes e sádicas emoções.

A grande massa pasma com o descaso das vidas,
ilhadas em corredores frios da sociedade,
vão, sobre a grama seca, marcando gomos de sonhos.

Edith Lobato - 01/03/17

sábado, 13 de janeiro de 2018

Saracura

Saracura
 
Ouço teu canto tão longe,
na tarde ao longo do dia,
na hora santa em que o monge,
medita em paz, balbucia.
 
Vais solitária e arredia!
Por entre os juncos te escondes.
Ouço teu canto tão longe,
na tarde ao longo do dia.
 
Já não te escuto por onde,
quando criança corria.
Oh, saracura responde,
a mata está tão vazia!
Ouço teu canto tão longe!
 
Edith Lobato - 17/10/17

terça-feira, 9 de janeiro de 2018

Vozes do silêncio


 Vozes do silêncio
 
Sentada sob a luz da claridade,
Naquela mesma praça, onde um dia,
Brindamos nosso amor, o peito em brade.
Os corações pulsando de alegria.
 
No mesmo banco só, eis-me, saudade!
O peso da lembrança, nostalgia,
Contaminando a dura realidade,
Nas vozes do silêncio, sem magia.
 
As rosas do jardim que cultivamos,
morreram afogadas por meu pranto,
e não carregam mais perfume e cor.
 
Por todos os lugares que andamos,
as marcas dos teus risos, teu encanto,
tornaram-me refém do nosso amor.
 
Edith Lobato - 15/06/17

domingo, 7 de janeiro de 2018

O preço

O preço
 
A dor quando nos corta, fere e deixa o trauma,
e só quem sente sabe o preço da sequela.
O tempo não é páreo quando ela se espalma,
em um sequestro onde, o corpo se enregela.
 
Pelos desvãos da gente, um turbilhão sem calma,
tal barco ermo ao vento, sem o leme e a vela,
a se lançar nas ondas, lá do mar da alma,
onde o futuro vai, vagando em fina tela.
 
A dor que já purguei matou minha alegria!
Agora vivo, assim, igual a noite fria,
a latejar no tempo, em total inverno.
 
Se choro ninguém ver ou sente a agonia,
que passa por meu ser me fere em demasia,
levando minha vida, aos portais do inferno.
 
Edith Lobato - 06/01/18